Entrevistas GloboNews e Band – TACA (Transporte Aéreo Clandestino)

Entrevista para a GloboNews após o ecidente com o cantor Gabriel Diinz

Na maior parte das vezes em que ocorre um acidente aéreo com uma aeronave da aviação de negócios, eu fico sabendo do fato pela imprensa – mas não por que eu já tenha me informado pela TV, pelo rádio ou por um portal de notícias, e sim por que algum jornalista me ligou para me entrevistar sobre a ocorrência. Pergunta número zero: “o que ‘derrubou” o avião?”.

Bem… Se é que o avião “caiu” mesmo – dentre outras possibilidades, ele pode ter sofrido uma colisão em um voo controlado contra o terreno (uma construção ou um morro, por exemplo), o chamado CFIT, e neste caso não fora uma “queda” -, a grande vilã sempre é a mesma: a Lei da Gravitação Universal, aquela que diz que, se dois corpos possuem massa, ambos estão submetidos a uma força de atração mútua proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que separa seus centros de gravidade. Newton é o Patrono dos Investigadores de Acidentes Aeronáuticos!

Já o que pode ter feito com que o avião “caísse” (se foi uma falha mecânica, um erro da tripulação, um fator meteorológico qualquer, ou um pouco de cada) é outro problema, e isso somente uma investigação técnica poderá responder. Via de regra, quando dou esta resposta não costumo ter um feed-back entusiasmado dos jornalistas, e em 95% dos casos a entrevista termina por aí. Mas, felizmente, e cada vez mais, alguns jornalistas estão entendendo que há muito mais a explorar sobre um acidente aéreo além da resposta à pergunta de um milhão de dólares sobre a “causa do acidente” – que, no mais das vezes, só traz sensacionalismo. E em dois caos recentes, os acidentes que vitimaram o jornalista Ricardo Boechat e o cantor Gabriel Diniz, foi possível discutir outras questões sobre aviação além do básico.

No acidente com o Boechat, a própria investigação acabou apontando para o transporte aéreo clandestino como um fator contribuinte importante para o trágico desfecho, algo inédito nas investigações do CENIPA. Já no caso do cantor, o relatório final não faz menção a uma eventual irregularidade no transporte do Gabriel Diniz em uma aeronave de instrução (que deveria ser sem remuneração), mas parece-me bastante provável que também este seja um caso de infração regulamentar. De qualquer forma, o ponto é que, em ambos os casos, foi possível ir além de “o que ‘derrubou” o avião?”, e discutir regulamentação aeronáutica – o que não costuma ser muito comum na grande imprensa.

Sem falsa modéstia, eu me orgulho muito de ter conseguido contribuir para um entendimento mais amplo dos acidentes aeronáuticos. Jornalistas, não desanimem! Entrem em contato que vocês se surpreenderão! (E não precisa ligar só nas tragédias, tem muita coisa legal na aviação além disso).

A entrevista da Globonews (Gabriel Diniz) pode ser acessada aqui:

A entrevista da Band (Boechat) pode ser acessada diretamente no YouTube (minha participação começa aos 1min.02seg).

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